O Telescópio Espacial James Webb, lançado em 2021, realizou uma descoberta inédita ao identificar diretamente um exoplaneta nunca antes observado. Trata-se de um planeta jovem e gigante gasoso, com tamanho semelhante ao de Saturno, orbitando uma estrela menor que o Sol, localizada na constelação Antlia, a cerca de 110 anos-luz da Terra.
Essa é a primeira vez que o Webb descobre um exoplaneta não catalogado anteriormente, marcando um avanço significativo na exploração do cosmos. O novo planeta foi fotografado diretamente — um feito raro, já que menos de 2% dos cerca de 5.900 exoplanetas descobertos até hoje foram observados dessa forma. A maioria é detectada por métodos indiretos, como o de trânsito, que mede o escurecimento da luz de uma estrela quando um planeta passa à sua frente.
A captura da imagem só foi possível graças ao uso de um coronógrafo francês instalado no Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Webb. O dispositivo bloqueia a luz intensa da estrela, permitindo a visualização do planeta em órbita.
Apesar de grande em comparação com os planetas do sistema solar, o exoplaneta recém-descoberto é o menos massivo já registrado por imagem direta — sendo 10 vezes menos massivo do que o recordista anterior. Segundo a astrônoma Anne-Marie Lagrange, principal autora do estudo publicado na revista Nature, “o Webb abre uma nova janela para planetas que antes não estavam acessíveis à observação”.
O planeta orbita a estrela TWA 7 a uma distância 52 vezes maior do que a da Terra em relação ao Sol — bem além da órbita de Netuno, que é cerca de 30 vezes mais distante. Essa distância extrema torna inviável sua detecção por métodos tradicionais, reforçando a importância da geração de imagens diretas.
A estrela e seu planeta têm cerca de 6 milhões de anos, uma fase extremamente jovem em termos astronômicos, considerando que o Sol e o sistema solar têm aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Os cientistas ainda investigam a composição atmosférica do planeta e se ele continua ganhando massa com o acúmulo de material do disco protoplanetário.
Apesar de não se tratar de um planeta rochoso como a Terra — o que limitaria sua potencial habitabilidade —, a descoberta representa um avanço crucial para a astrofísica. “No futuro, espero que os projetos de imagens diretas de planetas semelhantes à Terra e as buscas por possíveis sinais de vida se tornem realidade”, afirmou Lagrange.