<p>O <a href="https://www.portalitapipoca.com.br/tag/ibge" target="_blank" data-type="link" data-id="https://www.portalitapipoca.com.br/tag/ibge" rel="noreferrer noopener">Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)</a> lançou nesta semana uma nova versão oficial do mapa-múndi, que coloca o Brasil no centro do mundo e o hemisfério Sul na parte superior da imagem. A proposta inverte a tradicional orientação cartográfica e propõe uma mudança de perspectiva simbólica e geopolítica sobre a posição do Brasil e dos países do Sul Global no cenário mundial.</p>



<p>O lançamento do novo mapa ocorre em um ano estratégico para o país, que ocupa posições de destaque nas relações internacionais. O Brasil preside o Brics e o Mercosul, além de ser sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para acontecer em Belém (PA), na região amazônica, em 2025.</p>



<p>A nova cartografia elaborada pelo IBGE também destaca os países integrantes do Brics, do Mercosul, das nações lusófonas e da região amazônica. O mapa aponta ainda o Rio de Janeiro como capital do Brics, Belém como sede da COP30 e o Ceará como anfitrião do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, realizado em junho, em Fortaleza.</p>



<p>Em vídeo publicado pelo instituto, a diretora de Geociências do IBGE, Maria do Carmo Dias Bueno, explicou que a inversão do mapa não é um erro, mas uma escolha intencional para romper com a convenção cartográfica que há séculos coloca o Norte no topo. “A posição dos pontos cardeais é uma convenção. Algumas pessoas associam o topo do mapa a valores positivos e a parte inferior a aspectos negativos, o que reforça estigmas e desigualdades”, afirmou.</p>


<div class="rb-gutenberg-related">		<div class="related-sec related-1"> 
			<div class="inner"> 
				<div class="block-h heading-layout-12"><div class="heading-inner"><h4 class="heading-title none-toc"><span>Veja também</span></h4></div></div>				<div class="block-inner"> 
							<div class="p-wrap p-small p-list-small-2" data-pid="98298"> 
				<div class="feat-holder">		<div class="p-featured ratio-v1"> 
					<a class="p-flink" href="https://www.portalitapipoca.com.br/economia/2025/09/26/aneel-anuncia-bandeira-vermelha-patamar-1-para-outubro.html" title="Aneel anuncia bandeira vermelha patamar 1 para outubro"> 
			<img width="150" height="150" src="https://i0.wp.com/imgs.portalitapipoca.com.br/2025/09/conta_de_energia_mcajr_abr2907221118.webp?resize=150%2C150&;ssl=1" class="featured-img wp-post-image" alt="" loading="lazy" />		</a> 
				</div> 
	</div> 
				<div class="p-content"> 
			<h5 class="entry-title none-toc">		<a class="p-url" href="https://www.portalitapipoca.com.br/economia/2025/09/26/aneel-anuncia-bandeira-vermelha-patamar-1-para-outubro.html" rel="bookmark">Aneel anuncia bandeira vermelha patamar 1 para outubro</a></h5>		</div> 
				</div> 
			<div class="p-wrap p-list-inline" data-pid="98292"> 
	<h6 class="entry-title none-toc"><i class="rbi rbi-plus" aria-hidden="true"></i>		<a class="p-url" href="https://www.portalitapipoca.com.br/economia/2025/09/26/deficit-das-contas-externas-recua-para-us-47-bilhoes-em-agosto-aponta-banco-central.html" rel="bookmark">Déficit das contas externas recua para US$ 4,7 bilhões em agosto, aponta Banco Central</a></h6>		</div> 
			<div class="p-wrap p-list-inline" data-pid="98250"> 
	<h6 class="entry-title none-toc"><i class="rbi rbi-plus" aria-hidden="true"></i>		<a class="p-url" href="https://www.portalitapipoca.com.br/saude/2025/09/26/falta-de-centros-de-infusao-no-sus-compromete-tratamento-de-pacientes-com-doencas-autoimunes.html" rel="bookmark">Falta de centros de infusão no SUS compromete tratamento de pacientes com doenças autoimunes</a></h6>		</div> 
			<div class="p-wrap p-list-inline" data-pid="98177"> 
	<h6 class="entry-title none-toc"><i class="rbi rbi-plus" aria-hidden="true"></i>		<a class="p-url" href="https://www.portalitapipoca.com.br/politica/2025/09/24/ccj-do-senado-rejeita-por-unanimidade-a-pec-da-blindagem.html" rel="bookmark">CCJ do Senado rejeita, por unanimidade, a PEC da Blindagem</a></h6>		</div> 
			<div class="p-wrap p-list-inline" data-pid="98169"> 
	<h6 class="entry-title none-toc"><i class="rbi rbi-plus" aria-hidden="true"></i>		<a class="p-url" href="https://www.portalitapipoca.com.br/justica/2025/09/24/advogado-de-bolsonaro-pede-revogacao-de-medidas-cautelares-apos-denuncia-nao-incluir-ex-presidente.html" rel="bookmark">Advogado de Bolsonaro pede revogação de medidas cautelares após denúncia não incluir ex-presidente</a></h6>		</div> 
					</div> 
			</div> 
		</div> 
		</div>


<p>Segundo ela, o mapa tradicional reflete um viés político e histórico, reforçando a centralidade e superioridade da Europa em detrimento dos países do Sul. “Mapas são representações e, portanto, podem ser ressignificados para expressar outras visões de mundo”, completou.</p>



<p>Para o professor Luis Henrique Leandro Ribeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretor da Associação dos Geógrafos Brasileiros, a nova versão publicada pelo IBGE é importante por expressar um novo projeto geopolítico e cultural. “O mapa desnaturaliza visões universalizantes e descentraliza perspectivas consagradas pelos centros de poder mundial. Ele convida o Brasil a ocupar uma posição de protagonismo em um mundo em transformação”, disse.</p>



<p>Já o professor Rafael Sânzio Araújo dos Anjos, da Universidade de Brasília (UnB), lembra que essa perspectiva não é inédita nas universidades brasileiras. “Desde 2007, publicamos mapas com essa orientação invertida e com o Brasil no centro. A diferença é que agora isso ganha oficialidade. É uma elevação da autoestima da nação”, observou.</p>



<p>A mudança proposta pelo IBGE encontra fundamento histórico e artístico. O novo mapa se inspira na obra “América Invertida”, do artista uruguaio Joaquín Torres García, de 1943, que propunha literalmente “sulear” o pensamento e a representação geográfica. A ideia de repensar os padrões convencionais também dialoga com os ensinamentos do educador Paulo Freire, que defendia a valorização das identidades locais e regionais.</p>



<p>O novo mapa-múndi do IBGE utiliza a projeção cartográfica ECKERT III, desenvolvida em 1906 por Max Eckert-Greifendorff. A escolha dessa projeção busca reduzir distorções comuns em outras representações, como a de Mercator, que exagera o tamanho de áreas próximas aos polos, favorecendo visualmente países do hemisfério Norte. Segundo os geógrafos João Pedro Pereira Caetano de Lima e Carolina Russo Simon, da Associação de Geógrafas e Geógrafos Brasileiros, a projeção ECKERT III oferece um equilíbrio mais adequado para fins temáticos e educacionais.</p>



<p>Apesar dos avanços, os pesquisadores alertam para possíveis dificuldades de compreensão por parte do público. “Estamos acostumados com a Europa no centro e o Norte no topo. Essa mudança pode causar estranhamento e até resistência de líderes que se incomodem com uma ruptura das narrativas coloniais”, apontaram.</p>



<p>Para os estudiosos, mapas são instrumentos de poder e expressão política, e nunca são neutros. “Eles refletem interesses, disputas e estratégias. Ao colocar o Brasil no centro e o Sul no topo, o IBGE propõe um novo posicionamento simbólico, reforçando o papel do país na liderança de temas como meio ambiente, desenvolvimento sustentável e cooperação entre países do Sul Global”, destacaram.</p>



<p>O professor Leandro Andrei Beser, também da Uerj, reforça que a cartografia é uma linguagem poderosa que ajuda a moldar a visão de mundo de sociedades inteiras. “Mapas comunicam, e ao comunicar o Brasil como centro do mundo e protagonista de mudanças globais, o IBGE contribui para resgatar vozes antes silenciadas pela cartografia colonial”, afirmou.</p>
<input type="hidden" id="baseurl" value="https://www.portalitapipoca.com.br"><input type="hidden" id="audio_nonce" value="95b5a3bdad">
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e Sul no topo para estimular nova visão geopolítica
Mapa inédito reforça protagonismo do país no Sul Global e propõe ruptura com convenções eurocêntricas; especialistas destacam impacto simbólico, político e educativo da nova representação.
