O delegado-geral Ulisses Gabriel, chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, confirmou que três das oito vítimas da queda de um balão em Praia Grande (SC) foram encontradas carbonizadas e abraçadas dentro do cesto da aeronave. A cena, segundo ele, foi uma das mais impactantes da tragédia registrada na manhã de sábado (21). Ao todo, 22 pessoas estavam a bordo. Treze sobreviveram ao acidente.
“Dói na alma a cena de três pessoas morrendo abraçadas”, lamentou Gabriel em publicação na rede social X (antigo Twitter).
De acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil, o balão apresentou um princípio de incêndio ainda durante o voo. O piloto então tentou realizar um pouso de emergência, momento em que 13 passageiros conseguiram desembarcar. No entanto, antes que os demais saíssem, a aeronave voltou a subir inesperadamente.
“O piloto e outras 12 pessoas conseguem sair do balão, mas outras pessoas não conseguem, e, novamente, o balão acaba subindo involuntariamente”, explicou Gabriel em entrevista à Rádio CBN. “A partir daí, quando ele está numa certa altura, algumas pessoas acabam pulando desse balão. Três pessoas não pularam e acabaram morrendo abraçadas”.
Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram o desespero dos passageiros pulando do balão em chamas. O local da queda, uma área rural próxima a um posto de saúde, permanece isolado para perícia.
As 13 pessoas que sobreviveram foram encaminhadas para um hospital de Praia Grande. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, cinco delas continuam em observação médica.
As causas do acidente ainda estão sendo investigadas. Informações preliminares indicam que pode haver relação com o maçarico utilizado para acionar o sistema de aquecimento do balão.
Comoção e luto
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, declarou luto e se solidarizou com as vítimas. “Estamos todos consternados com essa tragédia. As equipes seguem prestando todo o apoio necessário às famílias”, disse em nota.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou, lamentando o ocorrido e colocando o governo federal à disposição das autoridades estaduais e municipais.
A Confederação Brasileira de Balonismo (CBB) lamentou profundamente o acidente e declarou estar colaborando com as investigações. “Neste momento de dor, nos colocamos à disposição das autoridades competentes para colaborar, dentro dos limites estatutários da nossa atuação, com qualquer informação técnica ou suporte”, afirmou o presidente da entidade, Johny Alvarez.
A CBB destacou ainda que sua função é fomentar o balonismo como esporte, não tendo competência para regulamentar passeios turísticos comerciais com balões de ar quente.
“Nos unimos em respeito e sentimento às famílias enlutadas. Que encontrem força para atravessar este momento irreparável”, conclui a nota.
Turismo e balonismo
Praia Grande, no extremo sul catarinense, é um dos destinos turísticos mais procurados para voos de balão, graças às condições climáticas favoráveis e à proximidade dos parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral. A região é conhecida pelas paisagens de cânions e atrai turistas de todo o Brasil. A cidade vizinha, Torres (RS), carrega o título de capital brasileira do balonismo.
A tragédia reacende o debate sobre a segurança dos passeios turísticos de balão no Brasil e reforça a necessidade de fiscalização e regulamentação da atividade.