O deputado federal Danilo Forte (União-CE), presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Energias Renováveis (FER), criticou, em discurso nesta quarta-feira (20) na Câmara dos Deputados, a distribuidora de energia Enel após o anúncio de um aumento médio de quase 25% na tarifa de energia no Ceará nesta semana. De acordo com o parlamentar, “o Ceará precisa se rebelar contra esse aumento da energia”.
O parlamentar declarou que a empresa pune um Estado que foi fundamental no enfrentamento à crise hídrica que o Brasil enfrentou no ano passado, quando se temeu até mesmo a possibilidade de racionamento. “O Ceará hoje é superavitário, produz mais energia do que consome. O Ceará e o Nordeste ajudaram o Brasil na crise do ano passado para que não houvesse apagão, produzindo a energia eólica (a partir do vento) e fotovoltáica (a partir do sol)”, disse. “Em vez de retribuir o povo cearense pelo seu sacrifício e seu dinamismo de ser um dos maiores produtores de energia eólica do Brasil, o que recebemos foi o maior aumento percental na tarifa de energia”.
Ele destaca que o anúncio vem em um momento de dificuldade econômica, agravando ainda mais a situação econômica do País. “Eu estou vendo a dificuldade no Ceará para se sobreviver. O Ceará é um estado que hoje tem mais pessoas dependentes do Auxílio Brasil do que com carteira assinada”, diz.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou na terça-feira (19) um reajuste médio de 24,88% nas tarifas de energia elétricas cobradas pela Enel no Ceará. O percentual é mais do que o dobro previsto pelo Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia), que esperava que a agência autorizasse uma elevação de 11% no valor da fatura.
A distribuidora alega que o reajuste é causado por defasagens, já que não teria repassado a elevação de custos nos últimos dois anos para os consumidores. “Em nosso contrato, está prevista a revisão anual dessa tarifa. Esse ano, o aumento maior na conta se justifica porque no ano passado tivemos um aporte tarifário que chegou a 20%, mas só repassamos um valor de 8,5% ao cliente em razão das dificuldades da sociedade por conta da pandemia (de covid-19), que afetou o comércio, a indústria e até o emprego”, disse a diretora-presidente da Enel Ceará, Márcia Vieira, ao jornal O Povo.
Internet
Essa não é a primeira polêmica envolvendo a distribuidora de energia no Ceará este ano. Em fevereiro, a Enel anunciou que começaria a cobrar dos provedores de internet uma tarifa pelo uso compartilhado dos postes de energia. O valor podia chegar a até R$75 por ponto, o que poderia representar um reajuste de até 70% no valor dos planos, impactando especialmente os provedores de pequeno porte (PPPs), responsáveis por quase 80% dos acessos de banda larga no Estado. A cobrança pelo compartilhamento de infraestrutura é prevista em contratos e regulamentada, mas não nesse valor. A sugestão da Aneel e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é de R$3,19 por ponto de fixação. Após pressão de empresas e parlamentares, inclusive o deputado Danilo Forte, a empresa recuou.