A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) divulgou nesta quinta-feira (22), em São Paulo, dados que revelam uma queda significativa no consumo de café pelos brasileiros. De acordo com a entidade, houve retração de 5,13% nas vendas de sacas entre os meses de janeiro e abril de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Enquanto o primeiro quadrimestre de 2024 registrou a venda de 5.010.580 sacas, o mesmo intervalo deste ano contabilizou 4.753.766 sacas comercializadas, segundo os dados da Abic.
A maior queda mensal aconteceu em abril de 2025, com um recuo de 15,96% nas vendas, na comparação com abril de 2024. O dado é visto como um alerta pela indústria, que vinha observando uma tendência de estabilidade no consumo.
Entre os motivos apontados para a redução está a alta expressiva nos preços do produto, impulsionada por uma combinação de fatores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do café subiu 80% entre abril de 2024 e abril de 2025.
Conforme explicou a própria Abic em entrevista à Agência Brasil, publicada em fevereiro, eventos climáticos adversos, o crescimento da demanda global e a entrada da China no mercado internacional de café contribuíram para essa valorização do grão. Com isso, os consumidores brasileiros sentiram o impacto direto no bolso, o que ajudou a frear o consumo.
Variações ao longo dos meses
O desempenho das vendas variou ao longo dos meses. Em janeiro de 2025, houve um crescimento de 1,26% em relação a janeiro de 2024. Em fevereiro, o cenário também foi positivo, com alta de 0,89%.
Contudo, a partir de março, o consumo começou a apresentar retração. Março de 2025 teve uma queda de 4,87% nas vendas na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Já em abril, o recuo foi mais acentuado, puxando a média do quadrimestre para baixo.
Os números divulgados referem-se ao consumo de café no varejo, que representa entre 73% e 78% do consumo interno no Brasil. O restante está ligado a outros segmentos, como serviços e o setor institucional.
A Abic ainda não divulgou projeções para os próximos meses, mas o cenário indica um desafio para a indústria cafeeira manter a estabilidade do mercado diante de pressões externas e internas.