Após 22 dias internado no Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu alta médica na manhã deste domingo (4). Ele estava hospitalizado desde o dia 13 de abril, quando foi submetido a uma cirurgia de 12 horas para retirada de aderências no intestino e reconstrução da parede abdominal — procedimentos decorrentes de complicações relacionadas à facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.
Embora o hospital ainda não tenha divulgado boletim oficial sobre a alta, imagens de Bolsonaro deixando a unidade de saúde já circulam nas redes sociais. Nas imagens, ele aparece acenando e cumprimentando apoiadores antes de deixar o local de carro. Pouco antes de sair, o ex-presidente usou as redes sociais para agradecer à equipe médica, comandada por Cláudio Birolini, diretor de Cirurgia-Geral do Hospital das Clínicas da USP.
No último boletim médico, divulgado no sábado (3), os profissionais destacaram a boa evolução no quadro clínico, incluindo o avanço da dieta pastosa. Bolsonaro havia voltado a se alimentar por via oral na terça-feira (29) e deixou a unidade de terapia intensiva (UTI) na quarta-feira (30), após 18 dias de cuidados intensivos.
A internação começou após Bolsonaro sentir fortes dores abdominais durante um evento no Rio Grande do Norte, em 11 de abril. Ele foi inicialmente atendido em Santa Cruz, no interior do estado, e depois transferido para Natal. No dia seguinte, foi levado a Brasília em uma UTI aérea.
Esta foi a sexta cirurgia enfrentada pelo ex-presidente desde 2018, todas relacionadas a sequelas do atentado que sofreu durante a campanha presidencial daquele ano.
Ação penal e polêmicas durante a internação
A primeira internação de Bolsonaro, no Rio Grande do Norte, coincidiu com a publicação da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu, ao lado de outros sete aliados, por suposta tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma da Corte autorizou o início de ação penal contra o ex-presidente.
No dia 23 de abril, ainda na UTI do Hospital DF Star, Bolsonaro recebeu uma oficial de Justiça que entregou a intimação referente ao processo. O ex-presidente registrou o momento em vídeo e publicou o conteúdo nas redes sociais, questionando, durante 11 minutos, a presença da servidora na unidade intensiva. Ele criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, de autorizar a diligência naquele momento.
A divulgação do vídeo gerou repercussão. Entidades representativas de oficiais de justiça divulgaram uma nota de repúdio e, dois dias depois, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) anunciou a abertura de uma sindicância para apurar a entrada de pessoas na UTI. A investigação também deve avaliar visitas de aliados políticos ao ex-presidente durante o período de internação em área restrita.
A equipe médica, por sua vez, ainda não se manifestou sobre a alta ou sobre os desdobramentos administrativos da internação. O ex-presidente, agora em casa, segue acompanhando o andamento do processo judicial enquanto se recupera da cirurgia.