A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que a morte da estudante Melissa de Melo e Campos, de 14 anos, foi resultado de um plano premeditado por dois colegas de sala, também adolescentes de 14 anos. O crime aconteceu dentro do Colégio Livre Aprender, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, no dia 8 de maio. Segundo as investigações, o motivo do assassinato foi inveja.
De acordo com o delegado Cyro Outeiro Pinto Moreira, responsável pelo caso, Melissa foi surpreendida com um golpe de faca no peito após receber de um dos colegas um bilhete com uma sentença de morte. “As imagens das câmeras de segurança mostram a atuação dos dois adolescentes de forma coordenada. Outros alunos presentes estavam alheios ao ocorrido”, disse o delegado.
O adolescente que esfaqueou a vítima foi apreendido em flagrante ainda no mesmo dia. O segundo envolvido foi localizado posteriormente, após pedido da Polícia Civil e parecer favorável do Ministério Público de Minas Gerais. Ambos foram internados por determinação da Vara da Infância e Juventude de Uberaba e respondem por ato infracional análogo ao crime de homicídio.
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Investigação e apreensões
Durante a apuração, o primeiro adolescente apreendido confessou o crime e revelou a participação do colega. A operação policial cumpriu seis mandados de busca e apreensão, que resultaram na coleta de cadernos escolares, dispositivos eletrônicos e até um plano de fuga manuscrito pelos adolescentes.
O promotor de Justiça Diego Martins Aguillar informou que o crime foi um caso isolado. “Não há outras pessoas investigadas, tampouco lista com nomes de possíveis vítimas. As escolas seguem sendo locais seguros”, afirmou.
O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público para providências legais. Como os envolvidos são menores de idade, o caso tramita sob sigilo judicial, e a responsabilização ocorre na esfera socioeducativa, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Ela simbolizava a alegria que eu não tinha”
A motivação do crime causou perplexidade. A investigação descartou fatores como bullying ou misoginia. Segundo o promotor, o adolescente autor dos golpes alegou que agiu por inveja da colega. “O policial militar que o apreendeu ouviu da boca dele o seguinte: ‘Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha’”, relatou Aguillar.
Luto e comoção
Em nota, o Colégio Livre Aprender informou que está prestando assistência psicológica à comunidade escolar. A Prefeitura de Uberaba decretou luto oficial de três dias e manifestou solidariedade à família da vítima.