A família de um bebê morto durante o parto acusa o Hospital São Camilo, em Itapipoca, de negligência médica. O caso aconteceu no dia 22 de junho e foi relatado com exclusividade ao Portal Itapipoca por Cleane Mota, avó materna de Antônio Noah, a criança que não resistiu.
Segundo Cleane, a filha dela, uma adolescente de 17 anos, teve uma gestação tranquila, realizando todo o pré-natal sem complicações. Nos últimos dias antes do parto, no entanto, a jovem começou a apresentar um corrimento abundante que molhava constantemente a roupa íntima. Preocupadas, mãe e filha procuraram atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) da localidade de Assunção, na região serrana do município. Os profissionais da UBS a encaminharam ao Hospital São Camilo, considerando que o quadro não parecia normal.
De acordo com a avó, a adolescente procurou o Hospital São Camilo em pelo menos duas ocasiões, mas foi atendida por uma médica que minimizou a situação, afirmando que se tratava apenas de secreção vaginal normal. A jovem retornava para casa, mas o problema persistia por vários dias.
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No dia 22 de junho, já com 41 semanas de gestação e sentindo-se cada vez pior, a adolescente voltou ao Hospital São Camilo. Exames indicaram que o bebê estava em sofrimento e com sinais de que sua vida se enfraquecia a cada dia. A equipe médica, então, decidiu realizar o parto normal.
Cleane relatou que a filha sofreu muito durante o procedimento e que, quando Antônio Noah nasceu, já não apresentava sinais de vida. Para a família, o desfecho foi consequência da demora em identificar e tratar a situação desde as primeiras idas ao hospital.
Ainda emocionada, a avó falou sobre a dor enfrentada por toda a família, tanto do lado materno quanto paterno, durante os dias de angústia, e cobrou explicações do Hospital São Camilo.
O Portal Itapipoca entrou em contato com o Hospital São Camilo para obter um posicionamento sobre as acusações, mas, até o fechamento desta reportagem, não recebeu resposta. O espaço segue aberto para futuros esclarecimentos por parte da instituição.
O que diz o hospital
Na nota, enviada nesta quarta-feira (9), o Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo afirmou que a adolescente foi atendida na unidade em quatro ocasiões ao longo da gestação.
Na primeira visita, ainda com 27 semanas, um ultrassom identificou polidrâmnio — condição de excesso de líquido amniótico — e a paciente foi orientada a realizar pré-natal de alto risco.
Nos atendimentos seguintes, já com 39 e 40 semanas, segundo a unidade, exames indicaram resultados normais para a mãe e para o bebê. A adolescente também foi instruída a procurar o hospital imediatamente caso houvesse sinais de trabalho de parto, ruptura da bolsa ou redução dos movimentos do feto.
No dia 22 de junho, com 41 semanas e conforme o retorno programado, a paciente voltou ao hospital relatando dor no baixo ventre e diminuição dos movimentos do bebê. Os batimentos cardíacos já não foram identificados. Um ultrassom realizado no leito confirmou a ausência de batimentos, e o bebê nasceu sem vida.
A assessoria do hospital destacou que “todos os procedimentos adotados seguiram as diretrizes do Ministério da Saúde” e manifestou pesar pela perda.
“O Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo roga a Deus que proteja a família enlutada e a ampare neste momento de dor”, diz o texto.
O Portal Itapipoca segue aberto para novos esclarecimentos da família e da instituição.