Brasil soma cerca de 30 milhões de animais abandonados e campanha Dezembro Verde reforça conscientização

Período de festas concentra aumento de abandonos, fugas e estresse em pets, segundo especialistas e entidades de proteção animal.

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O mês de dezembro é dedicado à campanha Dezembro Verde, iniciativa nacional voltada à conscientização sobre a guarda responsável de animais domésticos. O período foi escolhido por concentrar um aumento significativo nos casos de abandono, além de representar maior risco para fugas e episódios de estresse em cães e gatos, provocados por viagens, mudanças na rotina familiar e pela soltura de fogos de artifício.

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Estimativas de entidades de proteção animal e de conselhos de medicina veterinária indicam que o Brasil convive atualmente com cerca de 30 milhões de animais domésticos abandonados, número que se mantém elevado desde o início da década. A maioria é formada por cães e gatos que vivem nas ruas ou em abrigos superlotados, muitas vezes dependentes do trabalho de protetores independentes e do apoio do poder público.

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Segundo Daniela Ramos, presidente da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, a forma como a sociedade se relaciona com os pets evoluiu, mas ainda exige mais responsabilidade. “Há avanços importantes nessa relação, com vínculos cada vez mais próximos e emocionais. Por isso, termos como ‘posse’ ou ‘proprietário’ já não refletem essa realidade. Ser responsável por um animal de estimação significa garantir todas as suas necessidades físicas e emocionais durante toda a vida”, explica.

O conselho ressalta que animais domésticos costumam viver mais de 10 anos, o que torna indispensável o planejamento antes da adoção. Situações como férias, viagens prolongadas ou mudanças de residência precisam ser consideradas previamente. Além de alimentação, abrigo e acompanhamento veterinário, o bem-estar emocional também deve ser levado em conta, já que a ausência repentina dos tutores pode causar ansiedade, medo e sofrimento aos animais.

Uma das orientações é preparar os pets para períodos de ausência, acostumando-os gradualmente com outras pessoas ou ambientes de referência. “Muitos casos de abandono poderiam ser evitados se, antes da adoção, houvesse uma reflexão sobre questões práticas, como quem cuidará do animal durante uma viagem ou o que fazer em caso de mudança”, destaca Daniela Ramos.

Ela também orienta que momentos em que as famílias passam mais tempo em casa, como as férias, sejam utilizados para avaliar com responsabilidade a decisão de adotar. “Nenhum animal chega pronto para a convivência. É necessário ensinar, orientar e envolver todos os membros da família para que a relação seja saudável e duradoura”, afirma.

Abandono é crime ambiental

O abandono de animais é considerado crime ambiental no Brasil, conforme a Lei nº 9.605/1998. A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo lembra que a prática pode resultar em pena de até um ano de prisão, com agravamento em casos de maus-tratos ou quando há risco à saúde do animal.

As denúncias podem ser feitas aos órgãos de segurança pública, por meio da Delegacia Eletrônica de Proteção Animal ou pelo Disque Denúncia Animal, no telefone 0800-600-6428. A recomendação é que a população registre qualquer situação de abandono ou negligência.

Na capital paulista, animais abandonados ou em sofrimento podem ser recolhidos pela Divisão de Vigilância de Zoonoses, vinculada à Coordenadoria de Vigilância em Saúde. A atuação ocorre em situações específicas, como risco à saúde pública, agressões comprovadas, invasão de áreas públicas ou animais feridos, priorizando casos que representem risco à saúde humana.

Mobilização nos estados

Alguns estados utilizam o mês de dezembro como período estratégico para ampliar a conscientização. Em Santa Catarina, foi lançada a campanha “Não abandone o amor”, com ações de publicidade urbana e mobilização digital que seguem até janeiro.

De acordo com Fabrícia Rosa Costa, diretora estadual do Bem-Estar Animal, o período de alta temporada evidencia um contraste. “Ao mesmo tempo em que aumentam as adoções, também crescem os abandonos quando as famílias viajam ou não encontram alternativas para cuidar dos animais”, afirma.

Ela reforça que a mudança desse cenário depende de conscientização contínua. “Pets não são objetos nem brinquedos. São seres sencientes, capazes de sentir fome, medo, dor, frio, calor e abandono. A responsabilidade com eles deve ser permanente”, conclui.

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