No segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023, mais de 2,6 milhões de estudantes enfrentaram um desafio diferente. Ao responder 90 questões de ciências da natureza e matemática, muitos perceberam uma mudança significativa na abordagem da avaliação, que se mostrou mais interpretativa e menos focada em conteúdos técnicos.
Para Caê Lavor, diretor de Ensino Médio e Avaliações do SAS Plataforma de Educação, a prova deste ano foi marcada por uma menor ênfase em assuntos técnicos. Ele enfatizou que houve uma transição nos últimos anos, onde o Enem estava se tornando mais conteudista e tradicionalista. No entanto, em 2023, a prova retomou uma abordagem mais interpretativa, valorizando habilidades socioemocionais, senso crítico, capacidade analítica e empatia.
“A principal consequência do tipo de prova é que ela vai selecionar perfis diferentes do estudante que vai ingressar no ensino superior. Uma prova mais interpretativa valoriza habilidades mais socioemocionais, o senso crítico, a capacidade analítica, a empatia. Já a prova mais técnica ou conteudista valoriza mais a resolução de problemas que precisam de uma base técnica mais ampla”, destacou Caê.
Essa mudança de abordagem também foi notada por Vinícius Carvalho de Paula, professor de química do colégio Mopi, que ressaltou a ênfase na interpretação em detrimento do conteúdo específico das disciplinas. Segundo ele, a prova estava em um nível menos conteudista, permitindo que os estudantes que fizessem uma leitura cuidadosa obtivessem bons resultados.
No entanto, há divergências de opinião. Lucas Borguezan, professor de matemática do Curso Enem Gratuito, apesar de reconhecer a facilidade da prova de matemática neste ano, observou uma tendência contínua de o Enem se tornar mais conteudista. Ele destacou a qualidade da formulação das questões, ressaltando que, especialmente no primeiro dia, a prova teve uma abordagem mais interpretativa.