Riqueza dos 1% mais ricos poderia erradicar a pobreza por 22 anos, aponta relatório da Oxfam

Organização denuncia que crescimento da riqueza privada supera em oito vezes o da riqueza pública e cobra ações concretas dos governos na Conferência sobre Financiamento do Desenvolvimento.

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Um relatório divulgado nesta quinta-feira (26) pela Oxfam Internacional revelou que a riqueza acumulada desde 2015 pelos 1% mais ricos do mundo seria suficiente para erradicar a pobreza global pelos próximos 22 anos. A análise foi publicada às vésperas da Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, que ocorre na próxima semana, em Sevilha, no sul da Espanha.

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Intitulado Do lucro privado ao poder público: financiar o desenvolvimento, não a oligarquia, o documento denuncia que a elite econômica global aumentou sua fortuna em US$ 33,9 bilhões desde 2015, ano em que foram firmados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A Oxfam afirma que esse montante seria suficiente para acabar com a pobreza mundial anual por 22 vezes.

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A organização não governamental também destacou um “aumento astronômico” da riqueza privada entre 1995 e 2023, que cresceu US$ 342 bilhões em termos reais — um valor oito vezes maior que o avanço da riqueza pública no mesmo período.

Segundo o relatório, a concentração de renda atingiu níveis alarmantes: apenas três mil multimilionários concentram hoje uma fortuna que equivale a 14,6% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, com um crescimento de US$ 6,5 bilhões desde 2015.

A Oxfam criticou ainda os países ricos, especialmente os do G7, por promoverem os maiores cortes na ajuda oficial ao desenvolvimento desde que os registros começaram, em 1960. A previsão é de que esse apoio seja reduzido em 28% até 2026, em comparação com 2024.

O documento também chama atenção para a crescente crise da dívida em países de baixa e média renda, que têm comprometido orçamentos públicos básicos. “Esses países estão pagando muito mais aos seus credores ricos do que podem investir em educação ou saúde”, alerta a entidade.

Outro ponto levantado pela Oxfam é o papel dos credores privados, que hoje detêm mais da metade da dívida de nações em desenvolvimento. Segundo o relatório, esses credores têm dificultado negociações e imposto condições punitivas, agravando o cenário de crise.

Propostas e soluções

Como resposta, a Oxfam propõe uma transformação radical no sistema de financiamento do desenvolvimento, com ações voltadas para o combate à desigualdade extrema. Entre as medidas defendidas estão a criação de parcerias estratégicas internacionais, a rejeição do financiamento privado como solução milagrosa, a taxação dos super-ricos, a reforma da arquitetura da dívida global e a revitalização da ajuda oficial ao desenvolvimento.

A pesquisa que baseou o relatório foi conduzida pela empresa de estudos de mercado Dynata entre maio e junho deste ano. Foram ouvidas pessoas de 13 países: Brasil, Canadá, França, Alemanha, Quênia, Itália, Índia, México, Filipinas, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos — nações que, juntas, representam cerca de metade da população mundial, segundo a Oxfam.

A ONG reforça que o momento exige decisões políticas corajosas e compromissos concretos para que o desenvolvimento global não continue sendo refém de interesses privados e da concentração de riqueza.

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