O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14) o envio de um novo pacote de armas para a Ucrânia e ameaçou impor duras sanções aos países que continuarem comprando petróleo e outros produtos da Rússia, caso Moscou não aceite um acordo de paz em 50 dias. A medida marca uma mudança significativa na política americana em relação à guerra, motivada, segundo Trump, por sua “decepção” com o presidente russo, Vladimir Putin.
Ao lado do novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, no Salão Oval, Trump declarou a jornalistas que bilhões de dólares em armas, incluindo mísseis de defesa aérea Patriot, serão enviados para a Ucrânia nas próximas semanas. Ele explicou que os equipamentos serão financiados pelos aliados dos EUA na Otan.
— Vamos fabricar armas de primeira linha e elas serão enviadas para a Otan. Alguns países que já têm baterias Patriot vão trocá-las para que as mais modernas sigam para a Ucrânia — disse Trump, acrescentando que até 17 baterias Patriot poderão ser transferidas “muito rapidamente”.
Além do reforço militar, Trump anunciou que os EUA poderão aplicar sanções secundárias — também chamadas de tarifas secundárias — a qualquer país que continue comprando exportações russas, caso Moscou não aceite um cessar-fogo. Segundo a Casa Branca, as tarifas poderiam chegar a 100% sobre os produtos russos e afetariam também terceiros países, como China e Índia, principais compradores do petróleo de Moscou.
O prazo de 50 dias para que Putin aceite o acordo foi recebido com alívio pelo mercado financeiro russo. O rublo se recuperou de perdas recentes e as bolsas subiram após o anúncio.
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— Trump deu tempo para a liderança russa apresentar algo e negociar. Além disso, ele costuma adiar prazos — avaliou o analista Artyom Nikolayev, da Invest Era.
Desde que reassumiu a Casa Branca neste ano, Trump vem tentando uma reaproximação com Moscou, mas diz estar frustrado com a postura de Putin, que “fala em paz, mas continua bombardeando cidades ucranianas”.
— Tivemos provavelmente quatro acordos prontos, mas à noite caíam bombas e nada acontecia — afirmou o presidente americano.
Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, se reuniu com o enviado de Trump, Keith Kellogg, para discutir formas de fortalecer a defesa aérea do país e acelerar negociações de paz.
No mesmo dia, Zelenskiy anunciou uma mudança no comando do governo ucraniano: a primeira vice-primeira-ministra, Yulia Svyrydenko, de 39 anos, foi indicada para substituir Denys Shmyhal no cargo de primeira-ministra, em um processo que ainda depende da aprovação do Parlamento. Economista, Svyrydenko já ocupou o Ministério do Desenvolvimento Econômico e atuou nas negociações com os EUA para acordos sobre minerais estratégicos.
A guerra, iniciada com a invasão russa em fevereiro de 2022, entra em seu quarto ano com cerca de um quinto do território ucraniano sob controle de Moscou e sem sinais de que a Rússia esteja disposta a abrir mão de seus objetivos militares.