Israel informou, nesta quinta-feira (16), que está se preparando para a reabertura da passagem de Rafah, em Gaza, na fronteira com o Egito, a fim de permitir a entrada e saída de palestinos. No entanto, o governo israelense não definiu uma data para o reestabelecimento da passagem, enquanto as trocas de acusações com o Hamas sobre violações do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos (EUA) se intensificam.
Um dos principais pontos de tensão é a disputa sobre a devolução dos corpos de reféns mantidos pelo Hamas durante a guerra. O impasse ameaça derrubar o frágil acordo de trégua, que também depende de avanços em temas delicados, como o desarmamento dos militantes e o futuro governo do enclave palestino.
Israel exigiu que o Hamas entregue os corpos de todos os 28 reféns que morreram durante o conflito. A facção islâmica afirmou já ter devolvido dez corpos, mas o governo israelense alegou que um deles não pertencia a um refém.
“Não faremos concessões quanto a isso e não pouparemos esforços até que nossos reféns mortos retornem, até o último deles”, declarou o porta-voz do governo israelense nessa quarta-feira (15).
Em resposta, o braço armado do Hamas afirmou que a entrega de mais corpos seria inviável sem a entrada de maquinário pesado e equipamentos de escavação em Gaza, que segue amplamente destruída após meses de bombardeios israelenses.
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Nesta quinta-feira, uma autoridade sênior do Hamas acusou Israel de desrespeitar o cessar-fogo ao matar pelo menos 24 pessoas em tiroteios desde sexta-feira (10), alegando que uma lista detalhada dessas violações foi enviada aos mediadores do acordo.
“O Estado ocupante está trabalhando dia e noite para minar o acordo por meio de suas violações em campo”, declarou o representante do grupo.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) não responderam imediatamente às acusações, mas afirmaram anteriormente que alguns palestinos teriam ignorado alertas para não se aproximar das zonas de cessar-fogo, o que levou os soldados a abrirem fogo “para remover ameaças”.
O governo israelense sustenta que a próxima fase do plano de 20 pontos para encerrar o conflito, elaborado pela administração do presidente norte-americano Donald Trump, prevê que o Hamas entregue suas armas e ceda o poder — algo que o grupo islâmico rejeita categoricamente.
Em contrapartida, o Hamas reforçou o controle sobre áreas urbanas desocupadas pelas forças israelenses, realizando execuções públicas e confrontos com clãs armados locais, numa tentativa de reafirmar sua autoridade.
Nesta semana, 20 reféns israelenses que permaneciam vivos foram libertados em troca de milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Os pontos de longo prazo do plano de Trump ainda não foram definidos, incluindo a criação de uma “força de estabilização” internacional para Gaza e os possíveis passos rumo à formação de um Estado palestino — proposta rejeitada por Israel.