Brasil bate recorde histórico de transplantes pelo SUS em 2024; Ceará realiza quase 2 mil procedimentos

Com mais de 30 mil transplantes realizados, país se consolida como referência mundial em saúde pública. Ceará contribuiu com 1.973 cirurgias, segundo o Ministério da Saúde.

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O Brasil alcançou em 2024 um marco histórico na área da saúde: foram realizados mais de 30 mil transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), representando um aumento de 18% em relação a 2022. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4), em Brasília, pelo Ministério da Saúde. O Ceará teve participação significativa nesse avanço, com 1.973 procedimentos realizados ao longo do ano.

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Entre os principais tipos de transplantes realizados no estado cearense estão os de córnea (1.330), rim (254), fígado (251) e medula óssea (97). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, celebrou os resultados e ressaltou o esforço conjunto dos profissionais da rede pública:

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“Quero dividir a conquista desse recorde com os secretários municipais e estaduais, a comunidade de saúde, os técnicos, os enfermeiros, as equipes do SAMU e os profissionais que se dedicam a fortalecer o sistema de saúde em todo o país. Temos que celebrar esse recorde. É a reafirmação do Brasil como país que mais faz transplantes em sistema público de saúde do mundo”, afirmou.

Novas medidas para modernizar o sistema de transplantes

Durante o anúncio, o Ministério da Saúde também apresentou novas medidas para aprimorar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Entre as novidades, destaca-se a implementação da Prova Cruzada Virtual em todo o país, que promete agilizar o tempo entre a doação e o procedimento cirúrgico, além de reduzir o risco de rejeição e de isquemia dos órgãos.

Essa inovação utiliza dados imunológicos armazenados em bancos de soro para identificar compatibilidades, otimizando o processo antes mesmo da realização da prova cruzada real. A expectativa é que o novo Regulamento Técnico do SNT, que oficializa a medida, seja publicado em setembro, após consulta pública.

Outra mudança importante é a reorganização geográfica para a alocação de órgãos, priorizando estados da mesma região. Com isso, a logística de transporte será mais eficiente, aproveitando melhor a malha aérea atual e fortalecendo os programas estaduais de transplantes.

Avanços inéditos e novas ofertas no SUS

Pela primeira vez, o SUS passa a oferecer transplantes de intestino delgado e multivisceral, voltados para pacientes com falência intestinal irreversível. Atualmente, cinco hospitais já estão habilitados a realizar esses procedimentos — um no Rio de Janeiro e quatro em São Paulo —, e a meta é ampliar essa capacidade.

Além disso, o SUS passará a ofertar o uso de membrana amniótica para tratar queimaduras, tecnologia recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Estudos indicam que essa técnica acelera a cicatrização e reduz infecções, dor e necessidade de internação prolongada.

Programa para acolhimento e aumento das doações

Outro destaque é o lançamento do Programa Nacional de Qualidade em Doação para Transplantes (ProDOT), que tem como objetivo capacitar profissionais da saúde para o acolhimento das famílias de potenciais doadores. Em 2024, 55% das 4,9 mil famílias entrevistadas autorizaram a doação de órgãos, mas 45% ainda recusaram. A expectativa é que, com um acolhimento mais humanizado, o número de autorizações aumente.

Segundo a coordenadora nacional de Transplantes, Patrícia Freire, o sucesso dos transplantes depende diretamente da autorização familiar:

“Estamos mudando a maneira de olhar a doação. Como aumentamos o número de transplantes? Aumentando o número de doadores. Como aumentamos o número de doadores? Aí entra o ProDOT”, afirmou.

Ceará tem mais de 2 mil pacientes na fila

Apesar do avanço, o desafio permanece: cerca de 78 mil pessoas estão na fila de espera por transplante no Brasil. As maiores demandas são por rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). No Ceará, 2,1 mil pacientes aguardam por um transplante, sendo 1,6 mil na fila para rim, 185 para córnea e 287 para fígado.

Para enfrentar essa demanda, o Ministério da Saúde também anunciou reajustes em diversos procedimentos ligados ao transplante, como a retirada de globo ocular para córnea e a sorologia de doadores, com aumentos de pelo menos 50%. A medida busca fortalecer os bancos de olhos e aumentar a oferta de tecidos.

SUS como referência global em transplantes

Mais de 85% dos transplantes realizados no Brasil são financiados pelo SUS, que também garante, de forma gratuita, os medicamentos imunossupressores necessários por toda a vida do transplantado.

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O ministro Alexandre Padilha reforçou que investir em transplantes é investir na qualidade do sistema de saúde como um todo:

“As medidas que estamos tomando com transplantes não só vão reduzir o tempo de espera por esse procedimento. Elas vão melhorar a qualidade do hospital, qualificar a tecnologia e serviços, e também ajudar a reduzir o tempo de espera no atendimento especializado.”

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