Dívida Pública Federal se aproxima de R$ 7,7 trilhões, puxada por juros elevados

Mesmo com resgates líquidos em maio, apropriação de juros pressiona o endividamento do governo; composição da dívida muda com vencimento de papéis indexados à inflação.

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A Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil chegou a R$ 7,67 trilhões em maio, uma alta de 0,71% em relação aos R$ 7,617 trilhões registrados em abril. O avanço foi impulsionado principalmente pela apropriação de juros, conforme divulgado pelo Tesouro Nacional nesta sexta-feira (28). Em um ano, o indicador acumula crescimento expressivo, após ultrapassar a marca dos R$ 7 trilhões pela primeira vez em junho de 2023.

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Apesar da elevação, o volume da dívida continua abaixo do previsto para o ano. Segundo o Plano Anual de Financiamento (PAF), o estoque da DPF deve fechar 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.

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A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), formada por títulos emitidos no mercado doméstico, aumentou 0,7% em maio, somando R$ 7,361 trilhões. O Tesouro realizou resgates líquidos de R$ 25,03 bilhões, especialmente de papéis atrelados à inflação. No entanto, a dívida interna subiu devido à apropriação de R$ 75,86 bilhões em juros. Com a taxa Selic em 15% ao ano, os encargos sobre os títulos seguem elevados e aumentam o estoque da dívida mesmo com resgates.

No mês, o Tesouro emitiu R$ 108,5 bilhões em novos títulos. Já os vencimentos somaram R$ 183,52 bilhões, com destaque para os títulos corrigidos por índices de preços.

A Dívida Pública Federal externa (DPFe), por sua vez, também cresceu, subindo 0,99%, de R$ 306,13 bilhões em abril para R$ 309,17 bilhões em maio. A principal razão foi a valorização do dólar no período.

Colchão financeiro e vencimentos

O chamado “colchão da dívida”, reserva de segurança usada para cobrir vencimentos em momentos de instabilidade, recuou de R$ 904 bilhões em abril para R$ 861 bilhões em maio. A queda foi atribuída aos resgates líquidos realizados no mês. Essa reserva atualmente cobre 8,77 meses de vencimentos. Para os próximos 12 meses, o Tesouro prevê o vencimento de R$ 1,229 trilhão em títulos.

Composição da dívida

A estrutura da DPF sofreu mudanças em maio, impactada pelo vencimento de papéis indexados à inflação. A participação desses títulos caiu de 28,46% para 26,64%. Já os títulos prefixados cresceram de 20,23% para 21,1%, enquanto os papéis atrelados à Selic aumentaram de 47,3% para 48,25%, refletindo o maior apetite do mercado por ativos com rendimento vinculado aos juros básicos da economia.

A parcela da dívida atrelada ao câmbio oscilou levemente de 4,01% para 4,02%, permanecendo dentro da meta do PAF, que projeta entre 3% e 7% até o fim de 2025.

O prazo médio da DPF também registrou leve aumento, passando de 4,17 para 4,20 anos, sinalizando maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos no médio e longo prazo.

Quem detém a dívida

As instituições financeiras seguem como os principais detentores da dívida interna, com 30,1% de participação. Em seguida aparecem os fundos de pensão (23,6%) e os fundos de investimento (22,4%). A fatia dos investidores estrangeiros avançou de 9,7% para 9,9%, apesar das incertezas no cenário internacional. Em novembro do ano passado, a participação dos não residentes chegou a 11,2%.

A dívida pública é o principal instrumento utilizado pelo governo para captar recursos e financiar suas obrigações. Em troca, compromete-se a devolver os valores no futuro com rendimentos definidos de acordo com o tipo de título emitido — seja atrelado à Selic, à inflação, ao câmbio ou com taxas prefixadas.

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