O Brasil atingiu, pela primeira vez, a marca de 10.227.226 estudantes matriculados no ensino superior em 2024, segundo dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O número representa um crescimento de 2,5% em relação a 2023, quando havia 9,97 milhões de matrículas. Nos últimos dez anos, o avanço foi de 30,5%.
Somente no ano passado, mais de 5 milhões de alunos ingressaram em cursos de graduação, consolidando a expansão do setor.
Educação a distância em alta
O levantamento mostra que a educação a distância (EaD) já concentra 50,7% das matrículas de graduação, com alta de 5,6% em relação a 2023. Enquanto isso, os cursos presenciais tiveram retração de 0,5% no mesmo período.
Para o presidente do Inep, Manuel Palacios, a modalidade ampliou as oportunidades de acesso ao ensino superior, principalmente para trabalhadores.
“A educação a distância proporcionou a ampliação da oferta e atendeu estudantes que, de outra forma, não teriam acesso à educação superior”, destacou.
Palacios também afirmou que a regulamentação recente, que reconhece os formatos presencial, semipresencial e totalmente a distância, deve descentralizar ainda mais a educação superior no país.
Em 2024, a modalidade EaD estava presente em 3.387 municípios brasileiros, equivalente a 61% do total, número quase dobrado em relação a 2014.
Perfil dos cursos e matrículas
Os cursos de bacharelado ainda são maioria, com 60% das matrículas. Os tecnológicos respondem por 20,2% e as licenciaturas por 16,9%. Apesar disso, entre 2014 e 2024, as matrículas em cursos tecnológicos tiveram o maior salto, crescendo 99,5%.
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Do total de concluintes do ensino médio em 2023, 33% ingressaram no ensino superior em 2024. O índice é maior na rede federal (64%) e na rede privada (60%), mas cai para 27% entre alunos da rede estadual.
O levantamento também mostrou crescimento da presença de estudantes estrangeiros. Venezuelanos são maioria entre os matriculados, seguidos por alunos do continente africano, com destaque para angolanos.
Rede de instituições
O Brasil possui 2.561 instituições de ensino superior, sendo 2.244 privadas e 317 públicas. A rede particular concentra 79,8% das matrículas de graduação, atendendo mais de 8 milhões de alunos.
Entre as instituições públicas, 43,8% são estaduais, 38,5% federais e 17,7% municipais. Mais da metade das universidades brasileiras (56,3%) é pública.
Cursos mais procurados
Em 2024, foram ofertados 45.772 cursos de graduação. A pedagogia liderou em número de matrículas, com 4,48 milhões de ingressos, seguida por administração (4,40 milhões) e direito (3,49 milhões). Também se destacam:
- Contabilidade: 2,07 milhões
- Enfermagem: 1,92 milhão
- Sistemas de informação: 1,76 milhão
- Gestão de pessoas: 1,73 milhão
- Psicologia: 1,32 milhão
- Educação física: 1,26 milhão
Na conclusão da graduação, a pedagogia também esteve no topo, com 1,83 milhão de formados, seguida de direito (1,61 milhão) e administração (1,58 milhão).
Corpo docente
Entre 2014 e 2024, o número de docentes cresceu 14,4% na rede pública, alcançando 182.980 profissionais. Já na rede privada houve queda de 19,5%, passando de 187.622 para 150.963 professores.
A média de idade dos docentes é de 43 anos. A maioria dos doutores está na rede pública, enquanto na rede privada predominam mestres. Quanto ao regime de trabalho, predomina o tempo integral no setor público e o parcial no privado.