Mais de 86 mil crianças com até seis anos de idade foram internadas em hospitais do Nordeste, em 2022, devido a doenças relacionadas ao saneamento básico precário. O dado alarmante foi divulgado em um estudo recente do Instituto Trata Brasil, que chama a atenção para os impactos diretos da falta de acesso à água potável e ao esgotamento sanitário na saúde infantil.
Essas doenças de veiculação hídrica, como diarreia, hepatite A e infecções gastrointestinais, comprometem não apenas a saúde física das crianças, mas também seu desenvolvimento cognitivo. Ao se afastarem da escola por conta de internações frequentes, muitas acabam acumulando dificuldades no aprendizado, o que pode comprometer seu desempenho acadêmico e suas oportunidades futuras.
Entre os estados nordestinos, o Maranhão lidera com o maior número de internações: mais de 20 mil crianças foram hospitalizadas por problemas relacionados ao saneamento deficiente. O Ceará aparece em seguida, com quase 20 mil internações, seguido pela Bahia, com mais de 15 mil, e Pernambuco, que registrou aproximadamente 10 mil casos. Juntos, esses quatro estados concentram a maioria dos casos de internações infantis na região.
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Segundo o estudo, quanto maior o acesso da população à água tratada e à coleta de esgoto, menores são as chances de incidência de doenças associadas ao contato com água contaminada. Além disso, a melhoria nos índices de saneamento básico também reduz casos de doenças respiratórias, frequentemente agravadas por condições insalubres de moradia.
Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância da universalização do saneamento básico como medida essencial para garantir o bem-estar e o futuro de milhares de crianças. “Cada torneira com água limpa e cada casa com esgoto tratado representa menos internações hospitalares e mais oportunidades para uma infância saudável e plena”, destaca o estudo do Trata Brasil.
A ampliação dos investimentos em infraestrutura de saneamento é, portanto, não apenas uma questão de saúde pública, mas um passo decisivo para promover igualdade de oportunidades e desenvolvimento social sustentável nas regiões mais vulneráveis do país.