Banco do Brasil registra lucro de R$ 3,78 bilhões no terceiro trimestre, queda de 60,2% em um ano

Resultado foi impactado por novas regras contábeis e pelo aumento da inadimplência; banco revisou para baixo as projeções de lucro para 2025.

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O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,785 bilhões no terceiro trimestre de 2025, uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado, divulgado na noite desta quarta-feira (12), foi pressionado por novas regras contábeis e pelo aumento da inadimplência.

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Nos nove primeiros meses do ano, o lucro do banco somou R$ 14,943 bilhões, o que representa uma retração de 47,2% na comparação com o mesmo período de 2024. Em todo o ano passado, o BB havia alcançado um lucro recorde de R$ 37,9 bilhões. Em relação ao segundo trimestre de 2025, o resultado permaneceu praticamente estável — o lucro entre abril e junho foi de R$ 3,784 bilhões.

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Em nota, o Banco do Brasil afirmou que, apesar das pressões, as receitas continuam crescendo. A instituição destacou o desempenho do Programa Crédito do Trabalhador, que unifica a contratação de crédito consignado para empregados da iniciativa privada.

“O crescimento da margem financeira bruta no trimestre foi calcado principalmente em negócios com clientes, com destaque para as receitas com operações de crédito, influenciadas positivamente pelo desempenho no Crédito do Trabalhador, que contribui para a melhoria do mix e do retorno ajustado ao risco, além da boa gestão da liquidez”, informou o banco.

Novas regras contábeis afetaram o resultado

Desde janeiro, está em vigor uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que alterou a forma de contabilização das instituições financeiras. Aprovadas em 2021, as normas começaram a valer este ano e mudaram o modelo de provisões — reservas criadas para cobrir possíveis calotes —, que passou a ser baseado no conceito de perda esperada, utilizando estimativas de risco.

A nova metodologia afetou a forma como receitas e despesas são reconhecidas. Segundo o BB, a adoção das regras levou o banco a deixar de reconhecer R$ 1 bilhão em receitas de crédito, referentes a operações com atraso superior a 90 dias (estágio 3). O novo regime de caixa permite que essas receitas só sejam contabilizadas quando o pagamento é efetivamente recebido.

Inadimplência em alta

O índice de inadimplência, que considera atrasos acima de 90 dias, subiu para 4,93% no terceiro trimestre. O percentual era de 4,21% no trimestre anterior e de 3,33% no mesmo período de 2024. O aumento foi impulsionado principalmente pelo agronegócio, setor no qual o BB lidera a concessão de crédito, e pelas linhas de cartões de crédito.

Revisão de projeções para 2025

Diante do desempenho abaixo do esperado, o Banco do Brasil revisou suas projeções para o próximo ano:

  • Lucro líquido ajustado: de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões (anteriormente de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões);
  • Custo do crédito: entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões (antes entre R$ 53 bilhões e R$ 56 bilhões).

Crédito e carteira de empréstimos

Com os juros ainda elevados, o banco reduziu o ritmo de concessões no trimestre. A carteira de crédito ampliada encerrou setembro em R$ 1,279 trilhão, queda de 1,2% em relação a junho, mas com alta de 7,5% em 12 meses.

Na distribuição por segmento, o desempenho foi o seguinte:

  • Pessoa Física: R$ 350,51 bilhões, alta de 2,3% no trimestre e de 7,5% em um ano. O destaque foi o novo crédito consignado CLT, que já movimentou R$ 9,2 bilhões.
  • Pessoa Jurídica: R$ 452,97 bilhões, queda de 3,2% no trimestre, mas alta de 10,4% em 12 meses. A carteira de grandes empresas recuou 4,6%, enquanto a de micro, pequenas e médias empresas caiu 2,7%.
  • Agronegócios: R$ 398,79 bilhões, retração de 1,5% no trimestre, mas aumento de 3,2% em 12 meses.
  • Carteira de Crédito Sustentável: R$ 399 bilhões, avanço de 8% em um ano, representando 32,9% do total de crédito do banco.

Receitas e despesas

As receitas de prestação de serviços somaram R$ 8,863 bilhões no terceiro trimestre, alta de 1,3% em relação ao trimestre anterior, mas queda de 2,6% na comparação anual. Os principais destaques foram as linhas de administração de fundos (+7,1%), seguros, previdência e capitalização (+5,8%) e consórcios (+6,3%).

As despesas administrativas totalizaram R$ 9,812 bilhões, alta de 1,4% sobre o trimestre anterior e de 4,7% em relação ao mesmo período de 2024. O BB atribuiu a elevação ao reajuste salarial de 4,6% concedido em setembro de 2024 e aos investimentos em tecnologia, inteligência artificial e cibersegurança.

Dividendos e repasses ao governo

Em julho, o Banco do Brasil reduziu de 40% para 30% o percentual do lucro destinado à distribuição de dividendos. No mesmo mês, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas — documento que orienta o Orçamento Federal — revisou para baixo a previsão de dividendos das estatais para 2025, passando de R$ 43,4 bilhões para R$ 41,9 bilhões.

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