As consequências do tarifaço imposto pelos Estados Unidos já afetam diretamente o Ceará, e Itapipoca está entre as cidades que mais sentiram o impacto. Segundo dados do Comexstat, plataforma do governo federal com informações sobre o comércio exterior, o município registrou uma redução de aproximadamente US$ 2,5 milhões nas exportações durante o mês de setembro, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A perda está relacionada principalmente à queda nas vendas de calçados com solas variadas e sapatos em couro natural, produtos tradicionalmente exportados por Itapipoca. A retração é reflexo das novas tarifas impostas pelo governo norte-americano, que têm dificultado a competitividade das empresas cearenses no mercado externo.
No total, o Ceará acumula redução de US$ 11,5 milhões em exportações, afetando pelo menos 19 municípios. Além de Itapipoca, Acaraú, Fortaleza, Eusébio e Camocim também registraram perdas expressivas, envolvendo setores como a indústria pesqueira e a de alimentos.
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Enquanto o setor produtivo tenta se adaptar, o governo brasileiro busca uma solução diplomática para o impasse. Após reunião oficial realizada na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar otimista quanto a um acordo com o governo americano. “Foi surpreendentemente boa a reunião que eu tive com o presidente [dos Estados Unidos, Donald] Trump. Vocês sabem que, se depender do Trump e de mim, vai ter acordo. Eu, sinceramente, estou muito otimista com a reunião de ontem e acho que nós vamos encontrar uma solução para o tarifaço”, disse Lula.
Para o presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB Ceará, Fabiano Távora, o encontro entre Lula e Trump representa um avanço nas negociações e pode abrir caminho para uma nova fase de cooperação econômica entre os dois países. “Foi um grande passo esse encontro entre os dois presidentes. Muita coisa já foi definida, mas ainda está sendo conduzida dentro dos protocolos da diplomacia internacional”, explicou.
Távora destacou que as perdas decorrem, em parte, da dificuldade em substituir o mercado americano por outros parceiros comerciais. Segundo ele, é necessário um esforço conjunto entre o poder público e as empresas. “As principais prefeituras e o Governo do Estado precisam fortalecer as relações internacionais, buscar novos mercados e investir em profissionais qualificados para negociar contratos mais vantajosos”, afirmou.
Enquanto as negociações diplomáticas seguem, o setor exportador de Itapipoca busca alternativas para mitigar os prejuízos e diversificar destinos de exportação. A expectativa é que, com avanços nas tratativas entre Brasil e Estados Unidos, as barreiras tarifárias sejam revistas e as perdas econômicas reduzidas nos próximos meses.



