Em ato organizado em São Paulo por movimentos da direita e grupos religiosos, manifestantes acompanharam neste domingo (7) discursos em defesa da liberdade, da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O evento, realizado na Avenida Paulista, também reuniu críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em alguns momentos com pedidos de sua prisão.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que a celebração do Dia da Independência está “incompleta” pela ausência do direito de ir e vir de Bolsonaro, em referência às restrições impostas ao ex-presidente durante o julgamento no STF. Ele criticou o que chamou de “narrativas da esquerda” em torno do 8 de janeiro e defendeu uma anistia ampla a todos os envolvidos, “em favor da tradição nacional pela pacificação”.
Freitas ainda destacou a ascensão de uma “direita anti-sistema” e classificou a atuação de Alexandre de Moraes como “tirania”.
O pastor Silas Malafaia reforçou em seu discurso a necessidade de unidade da direita em torno de Bolsonaro. Ele voltou a criticar o Supremo e afirmou ter sido alvo de abuso quando teve seus cadernos de oração apreendidos ao retornar de viagem a Portugal.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro encerrou os discursos em São Paulo, com falas de tom religioso e críticas às restrições impostas ao marido. “É difícil ver meu marido sem poder sair de casa, sem poder realizar cultos, vivendo sob uma vigilância desproporcional”, disse.
Durante o evento, manifestantes exibiram uma bandeira gigante dos Estados Unidos. O ato também contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, além de senadores e deputados.
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Em outras capitais, atos semelhantes foram registrados. No Rio de Janeiro, a manifestação ocupou um quarteirão em Copacabana e reuniu o governador Cláudio Castro, Michelle Bolsonaro e deputados federais do PL, como Alexandre Ramagem, Eduardo Pazuello e Clarissa Garotinho. Ramagem, réu no julgamento sobre a tentativa de golpe, defendeu “anistia ampla, geral e irrestrita” aos acusados.
Desfile oficial em Brasília
Enquanto isso, em Brasília, mais de 45 mil pessoas acompanharam o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e autoridades acompanharam o evento, que teve como tema central a soberania nacional, além de destacar a COP30 e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Parte do público presente gritou “sem anistia” e “soberania não se negocia”, em contraponto às manifestações pró-Bolsonaro.
Em pronunciamento em rede nacional, Lula afirmou que brasileiros que trabalham contra o país são “traidores da pátria”.
Crise bilateral com os EUA
As comemorações deste ano ocorrem em meio à crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump impor tarifas comerciais aos produtos brasileiros. A medida foi interpretada como pressão para favorecer Bolsonaro, que é julgado no STF pelos crimes de tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito. O julgamento deve ser concluído ainda nesta semana.