O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso na madrugada desta quarta-feira (30) sob acusação de falso testemunho durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga descontos ilegais de beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A detenção ocorreu após mais de nove horas de depoimento.
Poucas horas depois, ainda na madrugada, ele foi solto na delegacia da Polícia Legislativa do Senado, mediante pagamento de R$ 5 mil de fiança. De acordo com a assessoria de imprensa do Senado, a liberação aconteceu por volta das 4h da manhã.
Convocado como testemunha, Carlos Lopes era obrigado a dizer a verdade em seu depoimento. Parlamentares da comissão, no entanto, alegaram que ele entrou em contradição e omitiu informações. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), solicitou a prisão.
“Ele mentiu deliberadamente à CPMI. Ele tentou de todas as maneiras nos convencer de que se tratava de uma operação perfeitamente legal e correta. Não é. Nós sabemos muito bem que isso é lavagem de dinheiro, dinheiro dos aposentados”, afirmou o senador.
Veja também
Contradições
Carlos Viana argumentou que o depoente apresentou versões conflitantes sobre a arrecadação da Conafer, sobre sua evolução patrimonial e acerca de sócios de empresas relacionadas à entidade.
Durante sua fala, Carlos Lopes negou envolvimento em fraudes e afirmou que a confederação está aberta a colaborar com as investigações.
“Tanto eu, quanto a confederação, nos colocamos à total disposição, integralmente, para entrega de documentos e prestação de esclarecimentos assim que requerido”, declarou antes de ser conduzido sob prisão.
A Polícia Federal apura que a Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos em mensalidades de aposentados. Entre 2019 e 2024, a arrecadação anual teria aumentado de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões.
A Agência Brasil informou que buscou contato com a defesa de Carlos Lopes e com a assessoria da Conafer, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
Segunda prisão na CPMI
A detenção de Carlos Lopes foi a segunda registrada pela CPMI do INSS. A primeira ocorreu com o empresário Rubens Oliveira Costa, também acusado de falso testemunho. Ele é apontado como sócio de Antônio Carlos Antunes, conhecido como Careca do INSS e investigado como suposto operador do esquema de corrupção.
Assim como no caso desta madrugada, Rubens foi liberado horas depois da prisão determinada pelo presidente da comissão.