O dólar comercial fechou esta quarta-feira (18) cotado a R$ 6,267, registrando uma alta de 2,82% em apenas um dia, marcando o maior valor nominal desde a criação do Plano Real, em 1994. O movimento foi reflexo de um dia marcado por forte instabilidade nos mercados internos e externos, além de incertezas em relação ao cenário político e econômico brasileiro.
Sem intervenções do Banco Central (BC), a moeda norte-americana abriu o dia negociada a R$ 6,11 e chegou a desacelerar no fim da manhã. Contudo, após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dólar “deve se acomodar”, a cotação voltou a subir rapidamente, intensificando o movimento de alta a partir das 15h, após a decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos.
Decisão do Fed intensifica instabilidade
Como esperado pelo mercado, o Fed anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas básicas de juros, atualmente entre 4,25% e 4,5% ao ano. No entanto, o comunicado oficial indicou uma postura mais cautelosa para 2025, reduzindo as expectativas de novos cortes significativos no próximo ano.
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Essa sinalização aumentou a aversão ao risco nos mercados emergentes, favorecendo a busca por ativos considerados mais seguros, como o dólar. Juros elevados nos Estados Unidos tornam a economia norte-americana mais atrativa para investidores, provocando a saída de capitais de países como o Brasil.
Impactos no mercado de ações
A B3, principal bolsa de valores brasileira, também sofreu os impactos da instabilidade. O índice Ibovespa caiu 3,15%, fechando aos 120.772 pontos, o menor nível desde 20 de junho. A retração foi acompanhada por quedas expressivas nos mercados internacionais, como o Dow Jones, que recuou 2,2% na bolsa de Nova York.
A fuga de capitais reflete a cautela dos investidores diante de incertezas econômicas no Brasil, especialmente relacionadas à votação do pacote fiscal no Congresso Nacional.
Incertezas no cenário fiscal brasileiro
Na noite de terça-feira (17), a Câmara dos Deputados aprovou o primeiro projeto de lei complementar do pacote fiscal do governo, que restringe a concessão de incentivos fiscais e permite o corte proporcional de emendas parlamentares em caso de déficit primário. Entretanto, a votação do restante do pacote, prevista para esta quarta-feira, não havia sido iniciada até o fim da tarde.
O atraso na tramitação do pacote aumenta as dúvidas sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas em 2024, elevando o nervosismo nos mercados.
Perspectivas
A combinação de fatores internos e externos indica que os mercados devem continuar voláteis nos próximos dias. As decisões do Congresso em relação ao pacote fiscal serão cruciais para a trajetória da economia brasileira, enquanto os investidores monitoram atentamente os próximos passos do Fed em 2025.