Taxa média de juros no crédito livre para famílias sobe e atinge 56,4% ao ano em março

Alta é impulsionada por mudanças na composição das concessões; no crédito para empresas, cheque especial atinge 349,2% ao ano.

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A taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias registrou aumento de 0,3 ponto percentual (pp) em março, atingindo 56,4% ao ano, conforme dados divulgados pelo Banco Central. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 3 pp. Segundo o BC, a elevação foi influenciada, principalmente, pelo chamado “efeito saldo”, ou seja, mudanças na composição das modalidades de crédito contratadas, com participação maior de linhas com juros mais altos.

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Apesar da alta geral, o cheque especial para pessoas físicas teve uma queda significativa de 8 pp em março, chegando a 134,2% ao ano. No entanto, ainda acumula elevação de 6,1 pp em relação ao mesmo mês de 2024. Desde 2020, os juros dessa modalidade são limitados a 8% ao mês (o equivalente a 151,82% ao ano).

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Nas contratações com empresas, a taxa média de juros do crédito livre também subiu: 0,8 pp no mês e 3,5 pp em 12 meses, alcançando 24,6% ao ano. Um dos destaques é a disparada dos juros do cheque especial empresarial, com alta de 9 pp em março, chegando a impressionantes 349,2% ao ano.

No caso do crédito direcionado, que inclui linhas com regras definidas pelo governo para habitação, setor rural, infraestrutura e microcrédito, as taxas também apresentaram alta. Para pessoas físicas, a média foi de 11,4% ao ano em março, com avanço de 0,9 pp no mês e 1,6 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa subiu 4,7 pp no mês e 4,9 pp em um ano, atingindo 18,4%.

Ao considerar todos os tipos de crédito ─ livres e direcionados ─ concedidos a famílias e empresas, a taxa média em março foi de 31,3% ao ano. O aumento foi de 0,9 pp na comparação com fevereiro e de 3,1 pp em relação a março de 2024.

Esse movimento de alta acompanha o atual nível da taxa básica de juros da economia, a Selic, mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 14,25% ao ano. A Selic é usada como instrumento para conter a inflação. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro e a população tende a consumir menos, o que reduz a pressão sobre os preços. A expectativa do mercado é de que a Selic alcance 15% até o final do ano.

A taxa de captação dos bancos, ou seja, o custo dos recursos usados para concessão de crédito, subiu 0,8 pp em março, atingindo 11,9%. Já o spread bancário ─ diferença entre o que o banco paga para captar recursos e o que cobra dos clientes ─ ficou em 19,4 pp, com alta de 0,1 pp no mês, mas estabilidade na comparação anual.

As concessões de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) chegaram a R$ 600,5 bilhões em março, um avanço de 2,7% em relação a fevereiro. Enquanto o crédito às pessoas físicas caiu 0,1%, o destinado às empresas teve forte alta de 6,3%. No crédito livre, o aumento mensal foi de 3,5%, enquanto no crédito direcionado houve recuo de 4,4%.

Com isso, o estoque total de crédito do SFN atingiu R$ 6,483 trilhões, alta de 0,6% no mês e de 9,9% em 12 meses. O saldo das operações com pessoas jurídicas subiu 0,5%, para R$ 2,455 trilhões, e com pessoas físicas avançou 0,7%, chegando a R$ 4,028 trilhões.

Já o crédito ampliado ao setor não financeiro ─ que considera também títulos emitidos e empréstimos externos ─ atingiu R$ 18,782 trilhões em março, com alta de 0,2% no mês e de 13,3% em 12 meses. O crescimento foi puxado pelo aumento de 16,3% nos títulos de dívida e de 9,3% nos empréstimos internos, enquanto os empréstimos externos caíram 2%, influenciados pela valorização do real.

No que se refere à saúde financeira das famílias, a inadimplência de operações com atraso superior a 90 dias se manteve estável em 3,2% em março, sendo 3,8% para pessoas físicas e 2,2% para empresas.

O endividamento das famílias, medido pela relação entre dívidas e renda acumulada em 12 meses, ficou em 48,2% em fevereiro, com leve queda de 0,3% no mês e aumento de 0,4% em 12 meses. Sem considerar o crédito imobiliário, o índice ficou em 30,1%.

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Já o comprometimento da renda das famílias ─ parcela da renda destinada ao pagamento das dívidas ─ atingiu 27,2% em fevereiro, com aumento de 0,1 pp em relação a janeiro e de 1,3 pp no acumulado de 12 meses. Esses dados têm divulgação defasada, pois são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

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