Europa investiga causas do grande apagão que afetou Espanha, Portugal e França

Falhas em usinas solares no Sudoeste espanhol podem ter desencadeado um dos maiores colapsos elétricos da história europeia; suspeita de ataque cibernético ainda não foi descartada por autoridades.

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Começou a investigação sobre o grande apagão que paralisou partes da Espanha, Portugal e França na segunda-feira (28), afetando trens, caixas eletrônicos, semáforos e até eventos esportivos, como o Torneio de Tênis de Madri. O caso é considerado um dos maiores colapsos do sistema elétrico já registrados na Europa.

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A operadora espanhola Red Eléctrica descartou inicialmente a hipótese de ataque cibernético, mas a Suprema Corte da Espanha anunciou a abertura de uma investigação para apurar todas as causas. Nesta terça-feira (29), o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que, embora não tenha sido identificado um ataque aos sistemas da Red Eléctrica, isso não significa que não tenha havido algum tipo de interferência externa.

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Possíveis causas técnicas

De acordo com a Red Eléctrica, dois incidentes de perda de geração de energia, provavelmente ligados a usinas solares no Sudoeste da Espanha, provocaram instabilidade no sistema. Essa falha resultou na interrupção da interconexão elétrica entre Espanha e França, afetando também o fornecimento para Portugal.

Dados da operadora indicam que a Espanha estava exportando energia tanto para a França quanto para Portugal no momento do colapso. As exportações à França foram interrompidas às 12h35 (horário local).

A União Europeia também irá conduzir uma investigação detalhada sobre as falhas. Segundo o comissário de Energia da UE, Dan Jorgensen, é essencial entender o que levou ao colapso para evitar ocorrências semelhantes no futuro.

Queda brusca na geração solar

Dados da Red Eléctrica apontam que, entre 12h30 e 12h35, a geração de energia solar fotovoltaica caiu bruscamente de mais de 18 gigawatts (GW) para 8 GW. A causa desse declínio repentino ainda é desconhecida.

Na segunda-feira, a energia solar representava 59% da matriz elétrica espanhola no momento do apagão, enquanto a energia eólica respondia por cerca de 12%, a nuclear por quase 11% e as usinas a gás por 5%.

Especialistas destacam que o sistema espanhol operava com baixa inércia – ou seja, com pouca reserva de energia rotativa, normalmente fornecida por turbinas a vapor ou gás. Esse tipo de reserva é crucial para estabilizar a rede diante de variações repentinas de fornecimento ou demanda, algo que as fontes renováveis, como a solar, não oferecem da mesma forma.

Restauração da rede e debate sobre energias renováveis

A recuperação da rede elétrica, conhecida como black start, envolveu a reativação gradual de usinas e a reconexão segura ao sistema. A Espanha aumentou a geração por usinas de gás e hidrelétricas e também passou a importar energia da França e do Marrocos.

O colapso reacendeu discussões sobre a vulnerabilidade de sistemas altamente dependentes de fontes renováveis intermitentes, como a solar e a eólica. Ainda assim, o primeiro-ministro Pedro Sánchez negou que haja excesso de energias renováveis no país, ressaltando que a demanda no momento do apagão era baixa e o suprimento, abundante.

A Comissão Europeia concorda que não se pode atribuir a causa do apagão a uma fonte específica de energia, mas analistas alertam para os desafios que a rápida expansão das energias renováveis traz para o equilíbrio das redes. Projeções indicam que em 2025 deve haver aumento das chamadas “horas de preços negativos” na Espanha e Portugal, em que a produção de energia ultrapassa a demanda.

A investigação oficial sobre o apagão segue em andamento, e as autoridades espanholas e europeias prometem transparência na apuração dos fatos. Enquanto isso, cresce a pressão por soluções técnicas que garantam estabilidade ao sistema elétrico em tempos de transição energética.

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