O Governo do Estado do Ceará publicou, nesta quinta-feira (4), o Decreto nº 36.828/2025, que reconhece a situação de emergência decorrente do aumento tarifário imposto pelos Estados Unidos contra importações brasileiras desde agosto. A medida, assinada pelo governador Elmano de Freitas, busca ampliar a adoção de estratégias e coordenar ações de defesa em apoio a trabalhadores e empresas locais.
O Ceará é o estado brasileiro mais exposto às tarifas norte-americanas, já que mais de 44% de suas exportações têm como destino os EUA. Entre os produtos mais afetados estão siderurgia, frutas, pescados, pás eólicas, além de itens de menor volume, mas de grande valor agregado, como mel, castanha, água de coco, filé de peixe e cajuína.
Segundo dados do governo estadual, mais de 90% da pauta exportadora cearense segue impactada pela elevação de 50% nas tarifas, uma das medidas mais severas adotadas até o momento na guerra comercial do presidente Donald Trump contra países aliados. O decreto americano incluiu poucos produtos cearenses nas exceções, deixando a economia local especialmente vulnerável.
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Apoio a empresas e produtores
Entre as ações já em andamento, o Executivo estadual mantém aberto até esta sexta-feira (5) um edital de apoio a empresas do setor de alimentos. A iniciativa prevê a compra, pelo governo, de produtos de companhias que comprovarem queda no volume exportado para os Estados Unidos em comparação com a média do segundo semestre de 2024.
Os itens contemplados incluem mel, castanha de caju, filé de peixe, água de coco e cajuína. O objetivo é garantir liquidez às empresas, preservar empregos e reduzir os impactos da crise comercial.
Conflito político e econômico
As sobretaxas impostas pelos EUA fazem parte de um pacote de medidas adotado pela administração Trump contra o Brasil. Além das tarifas, Washington abriu uma investigação comercial sobre o Pix e aplicou sanções financeiras contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Moraes é relator da ação que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023 aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. O ministro também determinou que plataformas digitais americanas cumpram decisões judiciais brasileiras, o que Trump classifica como “violação da liberdade de expressão” e “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos Estados Unidos desde março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro foi indiciado por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, por atuar em favor das sanções ao Brasil. O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi indiciado pelos mesmos crimes.