Moraes aponta violação de Bolsonaro a proibição nas redes sociais, mas descarta prisão preventiva

Ministro do STF diz que publicação feita por Eduardo Bolsonaro foi tentativa de burlar medida cautelar, mas considera episódio pontual e sem novos descumprimentos.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (24) que não há dúvidas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro violou a medida cautelar que o proíbe de utilizar as redes sociais. No entanto, o magistrado avaliou que a infração foi pontual e não configura motivo suficiente para decretar sua prisão preventiva.

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A avaliação do ministro refere-se a uma publicação feita no Facebook pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, momentos após o ex-presidente ter ido ao Congresso Nacional. Na ocasião, Bolsonaro mostrou a tornozeleira eletrônica que passou a usar por ordem judicial e concedeu declarações à imprensa.

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“Na presente hipótese, na veiculação pelas redes sociais de discurso proferido por Jair Messias Bolsonaro na Câmara dos Deputados por seu filho, também investigado, momentos após o acontecimento, constata-se a tentativa de burlar a medida cautelar”, escreveu Moraes.

O ministro reforçou que as redes sociais de Eduardo Bolsonaro foram usadas para promover declarações de seu pai, contrariando a ordem judicial. “Não há dúvidas de que houve descumprimento da medida cautelar imposta, uma vez que as redes sociais do investigado Eduardo Nantes Bolsonaro foram utilizadas a favor de Jair Messias Bolsonaro, dentro do ilícito modus operandi já descrito”, declarou.

Apesar disso, Moraes considerou a infração um caso isolado, sem relatos de reincidência. Ele também ponderou os argumentos apresentados pela defesa de Bolsonaro, que negou qualquer intenção de violar as medidas cautelares e alegou que o ex-presidente tem seguido as regras impostas pela Justiça.

Tentativa de burlar proibições

Moraes esclareceu ainda que Bolsonaro não está proibido de dar entrevistas ou se manifestar publicamente, mas ressaltou que isso não autoriza o uso coordenado de terceiros para divulgar esses conteúdos nas redes sociais. O ministro classificou a prática como uma estratégia “pré-fabricada” para driblar a proibição.

“Justiça é cega, mas não é tola!”, exclamou Moraes, ao afirmar que esse tipo de conduta é típico das chamadas milícias digitais, que atuam na propagação de discursos antidemocráticos e disseminação de conteúdos ilícitos.

Interferência estrangeira e soberania nacional

Segundo Moraes, os atos públicos e entrevistas de Bolsonaro têm como objetivo estimular chefes de Estado estrangeiros a interferirem nos processos judiciais brasileiros. Para o ministro, essas ações representam um “flagrante atentado à soberania nacional”.

A fala de Moraes ocorre em meio a retaliações recentes do governo dos Estados Unidos, comandado por Donald Trump. O ex-presidente norte-americano impôs sanções contra Moraes e outros sete ministros do STF, incluindo o cancelamento de vistos e a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto.

Trump justificou as medidas em publicações nas redes sociais, alegando uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e violação da liberdade de expressão no Brasil. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também divulgada nas redes, o ex-presidente americano voltou a defender o aliado brasileiro.

Inquérito em andamento

Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro são alvos de investigação por suposta tentativa de coagir o Supremo Tribunal Federal a arquivar o inquérito que apura tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na semana passada, Moraes impôs novas medidas cautelares ao ex-presidente, após ele condicionar o recuo de Trump nas tarifas à concessão de anistia por parte da Justiça brasileira.

No processo, Moraes apontou que Bolsonaro confessou ter transferido R$ 2 milhões, obtidos por meio de uma campanha de arrecadação, para custear a permanência de Eduardo nos Estados Unidos. Segundo o ministro, o objetivo da estadia seria buscar apoio político e medidas internacionais contra os ministros do STF e contra o Brasil.

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As medidas cautelares contra Bolsonaro foram referendadas na última segunda-feira (21) pela Primeira Turma do Supremo, com placar de 4 votos a 1. A favor votaram os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O único voto contrário foi do ministro Luiz Fux, que alegou não ver risco de fuga por parte do ex-presidente.

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